Closed loop supply chain: conceito e relevância no mercado
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Nos últimos anos, o debate sobre sustentabilidade tem ganhado força, e consequentemente os impactos causados no meio ambiente pela indústria nunca foram tão comentados: excesso de detritos, descarte irregular, desperdício, extração excessiva de matéria prima, entre outros. Temas que têm levado a indústria a se reinventar, buscando iniciativas mais sustentáveis para a cadeia de suprimentos.
Como tema de destaque desse movimento, é desenvolvido o conceito de Economia Circular (EC) como uma alternativa bastante interessante ao modelo econômico linear “extrair, produzir e desperdiçar”.
As empresas americanas, por exemplo, são responsáveis por produzirem aproximadamente 7,6 bilhões de toneladas de resíduos sólidos por ano – e as cadeias de abastecimento circulares, caso adotadas, contribuem para a redução desses descartes. Por exemplo, materiais reciclados podem ser reaproveitados para o desenvolvimento de novos produtos.
Neste artigo, vamos discutir um modelo que leva o conceito de EC a um nível mais avançado: O Closed-loop Supply Chain.
Conceitos e tendências
Também conhecido como cadeia fechada de suprimentos, o modelo de o Closed-loop Supply Chain, tem como objetivo reduzir o volume de matéria-prima necessária na linha de produção, por meio da recuperação e reutilização de materiais pós-consumo.
Segundo o pesquisador do assunto Luk N. Van Wassenhove, autor do livro The Evolution of Closed-Loop Supply Chain Research, pode ser definida como:
“Design, controle e operação de um sistema para maximizar a completa criação de valor ao longo do ciclo de vida de um produto com recuperação dinâmica de valor a partir de diferentes tipos e volumes dos retornos ao longo do ciclo de vida do produto”.
Ou seja, extrair todo o valor de um material durante todo o seu ciclo de vida, conforme esquema abaixo:
A chave para que esse modelo seja implantado com sucesso está em uma parte anterior à linha de produção: o desenvolvimento do produto. A maior parte dos produtos que circulam no mercado hoje, não foram desenhados de maneira a atender as necessidades ambientais de recuperação de resíduos. Ou seja, não é possível transformá-los, reciclá-los ou reaproveitá-los para a reinserção na linha de produção.
Dada a complexidade crescente da cadeia de suprimentos, empresas que tomam a iniciativa de adotar este modelo, começam com poucos produtos de seu catálogo. A Dell, fabricante de computadores, por exemplo, passou a usar pelo menos 10% de plástico reciclado na fabricação de uma de suas linhas de computadores, em 2014. Já a Natura, empresa de cosméticos brasileira, recentemente, utilizou embalagens de garrafas pet recolhidas de praias brasileiras para criar os frascos de sua linha de perfumes Kayak Oceano.
Logística reversa
Ao se falar em cadeia de circuito fechado, fala-se também em logística reversa: procedimento que permite ao consumidor retornar à empresa um produto (ou sua embalagem) após seu consumo, possibilitando ao fabricante descartá-lo de maneira correta ou reinseri-lo na linha de produção.
Bastante confundida com a logística reversa, é a logística verde, que, por sua vez, engloba todas as iniciativas relacionadas à minimizar o impacto ecológico de toda e qualquer atividade de logística, sejam de fluxo direto ou reverso, criando um equilíbrio entre a eficiência econômica e ambiental.
Pode-se citar como exemplo a gigante FedEx, que apostou em políticas do tipo com o intuito de reduzir o consumo de combustível e aumentar a eficiência de sua frota. A companhia já conseguiu diminuir a emissão de gás carbônico em 40% através da utilização de caminhões elétricos e híbridos e adoção da abordagem “reduzir, repor, revolucionar” para refletir sua busca pelas melhores maneiras de reduzir os impactos ambientais de suas operações.
Já a Ambev, indústria de bebidas, conta com um programa de frota compartilhada, a empresa identificou que antes seus caminhões retornavam vazios e para reduzir o consumo de óleo diesel passou a transportar carregamentos de empresas parceiras, como parte do investimento em logística verde.
Peça fundamental deste tipo de estratégia é a tecnologia, tema frequente em nosso blog.
Vantagens da cadeia de circuito fechado
Os benefícios de uma cadeia de suprimentos de circuito fechado não são imediatos. Inclusive, em um primeiro momento, é possível que a empresa contabilize mais custos do que economia na adoção do modelo, devido à investimentos em logística reversa, adaptações na linha de produção e desenvolvimento de produtos e embalagens mais ecológicas, entre outras iniciativas.
Entretanto, de acordo com os autores Roger e Tibben-Lembke (1999), a médio e longo prazo, resulta em melhoria da competitividade e retorno financeiros. Outros benefícios consideráveis da cadeia de abastecimento de circuito fechado são:
Redução de resíduos
O autor Dowlatshahi concluiu que algumas empresas ganharam cerca de 40% a 60% no custo, após a utilização de remanufatura de componentes utilizando somente 20% do esforço de fabricação de um produto novo.
Melhoria na reputação
A adoção de práticas sustentáveis muda a imagem organizacional perante consumidores e parceiros, aumentando a capacidade de geração de negócios e posterior obtenção de lucro. As empresas que têm compromissos sociais e ambientais e conseguem construir um reputação ecologicamente correta tem um retorno de clientes e parceiros de até 35%.
As etapas das cadeias de abastecimento de circuito fechado
De acordo com a hipótese de Van Der Linde Porter desenvolvida em artigo da Harvard Business em 1995, os padrões ambientais estimulam a busca de inovações tecnológicas para melhor utilização (e reutilização) dos insumos (matérias-primas, energia e trabalho).
Segundo o portal Thomas Insights, as cadeias de abastecimento de circuito fechado são divididas em sete etapas básicas. As três primeiras bem familiares, enquanto as outras quatro determinantes para o funcionamento de uma produção mais sustentável:
Etapa 1: Produção
Etapa 2: Distribuição
Etapa 3: Vendas
Etapa 4: Reparo – Ao invés de realizar descarte como resíduos, os defeitos de produtos apontados por consumidores, são processados por uma área de devoluções. É realizado o reparo e devolução.
Etapa 5: Reutilizar – Incentivo do reuso do material com defeito que não possa ser reparado.
Etapa 6: Reciclar – A reciclagem é uma parte fundamental do modelo de circuito fechado. As peças e materiais voltam direto para o início do processo de produção.
Etapa 7: Descarte – À medida que uma empresa se adapta a um modelo de circuito fechado, o processo evolui e a empresa economiza em custos ao reaproveitar matéria ao invés de descartá-la, minimizando seu impacto no meio ambiente.
Como implementar o conceito na compra de materiais indiretos
Para que uma indústria possa adotar os conceitos abordados neste artigo, inúmeras transformações em diversos setores devem ser implementadas. Desde o desenvolvimento de produtos mais ecológicos até a operacionalização da logística reversa.
Mas, existem algumas atitudes que podem ser adotadas de maneira independente pelo departamento de compras para tornar suas atividades mais ecológicas como a criação de políticas com foco em sustentabilidade que incluam critérios para seleção de fornecedores sustentáveis.
Para entender melhor que tipo de critérios adotar, leia nosso artigo “As vantagens de compras sustentaveis e como implementar esse conceito”. Nele você também encontra uma planilha de avaliação sustentável exclusiva para te ajudar a transformar seu departamento.
Conclusão
As práticas ecologicamente corretas como a adoção de metodologias como a Closed Loop Supply Chain contribuem para tornar mais verdes as cadeias de suprimentos convencionais.
O oferecimento de produtos e serviços sustentáveis garante uma melhor reputação, maior poder competitivo e se articula como um tema inovador, sob uma perspectiva de sustentabilidade corporativa. Cabe às empresas, entretanto, adotar uma orientação sobre sustentabilidade para todos, de maneira que o setor de suprimentos possa integrar o tema à sua rotina.
Precisando de insights e de se manter atualizado sobre as tendências globais, continue acompanhando o blog da Soluparts.
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