Uma série de transformações econômicas e sociais trazem constantemente vários desafios para as cadeias de suprimentos. Questões como a slowbalisation e os efeitos da pandemia de covid-19, por exemplo, impactam toda uma rede global de distribuição de produtos e materiais.
Diante deste contexto, os gestores e equipes das diferentes áreas envolvidas nas cadeias (entre elas, a de compras) precisam desenvolver a habilidade de trazer respostas de forma rápida às demandas, além de gerir os novos riscos e incertezas que surgem. Nesse sentido, um interessante caminho para as empresas é a utilização de metodologias ágeis nas cadeias de suprimentos.
Mas o que são cadeias de suprimentos ágeis?
Segundo artigo publicado pela revista Forbes, o pensamento ágil veio dos desenvolvedores de softwares. Este método é uma técnica alternativa de gestão de projetos que desenha processos dividindo-os em pequenas partes. Desta maneira, assim que um pequeno fragmento deste projeto é finalizado, já pode ser testado, validado e até implantado.
Essa metodologia também permite que novas tecnologias desenvolvidas e lançadas no mercado, sejam imediatamente incorporadas em um projeto em desenvolvimento. Ou quando o cenário dinâmico mundial implica em alguma mudança no comportamento do cliente, é possível redesenhar o produto rapidamente e criar novas versões refinadas para atender às tendências.
Outra marca forte dessa metodologia é a iteração (repetição de uma ação, neste caso, testagens e adições na solução), flexibilidade e colaboração entre os membros do time. Além disso, o time tem mais autonomia para tomar decisões relacionadas ao projeto, sem precisar necessariamente de aprovações de pessoas em posições mais altas na hierarquia da organização.
Trazendo a discussão para a realidade das cadeias de suprimentos, de acordo com relatório produzido pela consultoria Gartner, ainda não há um consenso sobre a utilização do conceito ágil nelas.
Isto é, diferentes noções são compartilhadas entre acadêmicos, pesquisadores e empresas, mas todos defendem que o foco deve ser quebrar paradigmas tradicionais e desenvolver a mentalidade ágil para gerenciar mudanças na demanda e no fornecimento dos materiais (como os indiretos) necessários para as operações.
Os seguintes aspectos são considerados críticos para tornar uma cadeia de suprimentos ou qualquer outro setor ágil:
- Responsividade: identificar e responder rapidamente a possíveis mudanças;
- Adaptabilidade: ajustar processos dentro da cadeia de acordo com mudanças de cenário;
- Coordenação: saber organizar bem esta complexa rede, composta por diferentes agentes e etapas;
- Velocidade: conseguir agir rapidamente em variadas situações;
- Flexibilidade: alterar o formato da cadeia, sem resultar em gastos adicionais ou perda de inventário, para atender a uma situação não-usual;
- Equilíbrio: saber colocar na balança as capacidades de fornecimento e as necessidades de quem precisa do material.
6 Dicas para desenvolver uma cadeia de suprimentos ágil
Para implementar esta importante mudança nas cadeias de suprimento, a empresa precisa ficar atenta a alguns pontos:
1. Definir o que é ágil para a sua realidade:
Ter clareza sobre o que significa agilidade para a realidade de sua cadeia de suprimentos é crucial. As equipes devem se reunir e articular o conceito a partir das seis características citadas anteriormente (responsividade, adaptabilidade, coordenação, velocidade, flexibilidade e equilíbrio). Deve-se determinar o nível de importância de cada uma delas para a companhia, a maturidade dos conceitos já existentes e as ações necessárias para aperfeiçoá-las.
2. Lançar um programa com responsabilidade compartilhadas:
A partir da definição, estabelecer um programa para tornar a cadeia de suprimento ágil de ponta a ponta, definindo investimentos, áreas críticas a serem priorizadas e ações que possam ser replicadas, envolvendo as áreas que participam da cadeia (como o setor de compras).
3. Focar a sua transformação nas pessoas:
Um dos aspectos mais críticos, que deve ser trabalhado por todos. É necessário haver uma mudança na mentalidade e o desenvolvimento de novas habilidades dos colaboradores, a fim de torná-los aptos a desenvolver e adotar novos processos e frameworks. O envolvimento das equipes é crucial para o sucesso da implantação da mentalidade ágil, premiando eficiência e tolerando erros durante o aprendizado.
4. Utilizar a tecnologia a seu favor:
Considerá-la como um meio para alcançar a agilidade, mas não o foco. Isto é, não priorizar adquirir e adotar a tecnologia mais avançada do mercado sem antes focar nas pessoas, processos e dados.
5. Ter um foco na sustentabilidade:
Apropriar-se do conceito para desenvolver cadeias social e ambientalmente responsáveis, outra importante tendência do novo século. A sustentabilidade vem se consolidando como um relevante elemento de competição, um requisito de restrições regulatórias e uma oportunidade para o desenvolvimento de comunidades mais sustentáveis.
Por isso, é um desafio de todos pensar em como sustentabilidade pode auxiliar no aperfeiçoamento das cadeias ágeis. Por exemplo, para o setor de aquisições, há uma série de vantagens de realizar compras sustentáveis.
6. Elaborar contratos com fornecedores ágeis:
Na cadeia de suprimentos, o risco sempre foi tratado com algo a ser evitado. Hoje, ele é encarado como parte do processo e o foco torna-se prevê-lo e ter soluções prontas para lidar com cada um dos cenários. Uma das estratégias para mitigá-los é a redundância, ter uma série de fornecedores disponíveis para atender um pedido.
Já no contexto ágil, é importante ter relacionamento com fornecedores que aceitem ter mais flexibilidade para atender em um mercado em constante mudança e também definir contratos mais alinhados a esta realidade (como os contratos inteligentes, feitos integralmente online, gerando confiabilidade para transações deste tipo).
Falando sobre contratos que te atendem de forma mais flexível, saiba mais sobre a opção anual oferecida pela Soluparts.
Conclusão
De acordo com Mark Hermans, diretor da consultoria PwC, questões como tensões geopolíticas, mudanças em acordos de comércio e mudanças climáticas, combinadas à orientação constante de redução de custos e melhorias na produtividade, promoverão um aumento dos riscos, incertezas e pressões por performance.
Desta forma, as cadeias de suprimentos deverão ser, mais do que nunca, velozes para responder a essas mudanças. Diante de um mundo em constante transformação, a implementação de uma mentalidade ágil para as cadeias de suprimentos torna-se imprescindível.
Vários autores e cursos sobre o tema focam nas metodologias ágeis, que são muitas, Scrum, Lean, Kanban e Smart, porém especialistas no tema afirmam que antes de adotar ou adaptar uma dessas metodologias ao seu contexto específico, é preciso primeiro quebrar a forma de pensar tradicional e trabalhar para que toda a equipe desenvolva a mentalidade ágil, caso contrário, a implementação da metodologia, não importa qual ela seja, pode não ser bem sucedida. E é nessa mudança de mentalidade e paradigma que focamos no presente artigo.
Com o intuito de metrificar o sucesso desta iniciativa, é importante coletar, organizar, analisar e monitorar dados e informações (saiba mais sobre como fazer esta sistematização) dos seguintes aspectos: preocupação com o tempo de ciclo de atendimento de um pedido, custos envolvidos, flexibilidade e cumprimento das entregas.
É também necessário um cuidado com: a gestão das pessoas envolvidas, que precisam adotar a mentalidade ágil em sua rotina; a definição dos processos, ficando aberto para possíveis alterações quando necessário; e o uso dos dados para planejar atividades e melhorias a serem realizadas, com o apoio de recursos tecnológicos.
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