A missão e prioridades do departamento de compras estão em constante evolução em resposta a condições econômicas, avanços tecnológicos, estratégias da empresa e oportunidades do mercado.
Antes da década de 50, as empresas de compra tinham o encargo de garantir a disponibilidade dos suprimentos, já hoje, gerar valor em toda a cadeia de suprimentos, além de redução de custos e menor tempo de entrega, é uma grande prioridade.
A cadeia de valor de Porter
Em 1985, o professor de economia e administração da Faculdade de Economia de Harvard, Michael Porter, criou o modelo de cadeia de valor. A cadeia de valor de Porter, como também é conhecida, é um modelo de estruturação das atividades desenvolvidas pelas empresas.
A premissa é de que se o valor que uma empresa estava oferecendo aos seus clientes superasse o custo de produção, o resultado seria um lucro maior.
Para criar valor para o cliente, Porter definiu três estratégias empresariais competitivas, chamando-as de genéricas. Sendo elas:
- a diferenciação;
- as lideranças em custos e
- a estratégia de foco ou nicho.
Este modelo foca-se nos sistemas de produção e na maneira como os inputs são transformados em outputs adquiridos pelos consumidores. A partir deste ponto de vista, Porter definiu uma cadeia de atividades, comum a todos os negócios, e dividiu-as em atividades primárias e de suporte.
A criação da cadeia de valor foi a forma encontrada para resultar no aperfeiçoamento da receita da empresa, redução de custos, otimização de bens tangíveis e concretização de bens intangíveis, alcançados pela eliminação do vazamento de valores, aumento do valor atual, criação do valor futuro e extensão do valor agregado.
Em 1993, Ellram e Cooper acrescentam que gerenciamento da cadeia de valor é “uma filosofia integradora para gerenciar o fluxo total de um canal de distribuição do fornecedor ao cliente final”.
Ou seja, para que a cadeia de valor se concretize, é necessário o acompanhamento de todos os elementos à medida que eles viajam por toda a rede, sejam eles informações, materiais ou finanças.
Definindo valores
É necessário definir valores antes de entrarmos mais a fundo no assunto de estratégias de value-focused supply.
Consumidores e usuários finais avaliam o valor que recebem de um produto ou serviço em termos do conjunto de benefícios que obtêm ao garanti-lo, ou usá-lo em comparação com o custo de obtê-lo ou consumi-lo.
O que é a Value-Focused Supply Strategy
A Value-Focused Supply Strategy (Estratégia de Suprimentos Focada em Valor, em tradução livre) teve seu conceito inicialmente apresentado em 2010, na Conferência Internacional de Gestão de Suprimentos do Instituto de Gestão de Suprimentos.
A pesquisa iniciada pelo CAPS (Center for Advanced Purchasing Studies) e a A.T. Kearney, Inc, intitulada Value Focused Supply – Linking Supply to Competitive Business Strategies define a Value-Focused Supply, em sua essência, como uma abordagem para criar e implementar estratégias de longo prazo para as principais categorias de compra e seus fornecedores que vai além do sourcing tradicional.
Lembrando, chamamos de sourcing a aquisição de produtos ou matérias-primas de terceiros, ou seja, trata-se de procurar formas para suprir as necessidades materiais do negócio.
Logo, ao vincular os suprimentos a estratégias competitivas da organização, o objetivo é aumentar a atratividade e competitividade dos produtos e serviços finais da empresa, elevando assim o valor tanto para os clientes quanto para a corporação.
Estratégias de Value-Focused Supply
As estratégias de VFS (Value-Focused Supply) baseiam-se em mapear as necessidades do cliente e o que este mais valoriza, e então em alinhar e aplicar os recursos da empresa e do fornecedor para criar valor para ele. A eficácia destas estratégias são frequentemente avaliadas em termos de atender às metas da unidade de negócios e/ou da linha de produção em sua totalidade e ao retorno financeiro do investimento.
Podemos citar como exemplos de estratégias de VFS:
- a eliminação de vazamento de valor, para garantir que a empresa não esteja perdendo valor de uma categoria-chave ao longo da cadeia de suprimentos;
- o aumento do valor atual;
- a criação do valor de amanhã;
- a extensão para valor adicional.
Estas estratégias de VFS requerem um conjunto global de ações e incentivos para que sejam bem sucedidas, estando significativamente relacionadas ao sucesso geral da organização versus ações de melhoria de preços tradicionais e expectativas de desempenho típicas da oferta de suprimentos.
A VFS permite que a empresa se concentre em moldar e usar as capacidades da base de suprimentos para complementar e suplementar suas próprias capacidades e, por sua vez, criar mais valor para o cliente e para a própria empresa.
O papel do suprimento mudou de grande líder para participante no desenvolvimento e execução da estratégia de VFS. Obviamente a oferta de suprimento não poderia criar e liderar todos os esforços, mas deve desempenhar um papel “apropriado” e influente baseado na situação.
Porém, muitas empresas continuam presas a uma abordagem já ultrapassada de geração de valor, considerando-a de forma atrasada e limitada. Com isso, otimizam o desempenho financeiro de curto prazo numa bolha, ignorando as necessidades mais importantes do cliente e outros fatores maiores que determinam seu sucesso a longo prazo. Fatores como investimento em tecnologia de coleta, processamento de dados e ética empresarial.
Esta abordagem, no entanto, não é mais suficiente no mundo contemporâneo. Há uma busca cada vez maior entre os gestores para a necessidade de respeitar e implantar códigos de ética, políticas de compliance e transparência total.
É inegável que uma postura ética adequada, pode resultar em grandes vantagens competitivas a longo prazo. Afinal, a melhoria do desempenho dos colaboradores de uma empresa, aliada a uma imagem positiva da empresa perante sua comunidade e do aumento da satisfação dos clientes podem ser os fatores determinantes para o sucesso sustentável de uma organização no mercado.
Para alcançar uma gestão de estratégias de value-focused supply, uma organização deve ir além do approach tradicional de suprimentos, que é conduzido pelas negociações entre comprador e vendedor, nas quais o comprador conta com um número limitado de vendedores, esperando conseguir o preço, a qualidade e a entrega no prazo preferidos.
A equipe da Soluparts está à disposição para te ajudar na transição entre a abordagem tradicional de sourcing para uma cadeia de mais valor e mais estratégica.
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