Em um mundo repleto de incertezas e transformações constantes – especialmente após a pandemia de Covid-19 – cada vez mais companhias buscam atingir o grau máximo possível de resiliência.
Mais do que permanecer competitivo, é preciso crescer continuamente.Na supply chain, isso não é diferente. Em um ambiente no qual empresas compram de fornecedores, que por sua vez dependem de matéria-prima de outras empresas, qualquer alteração pode expor o ecossistema inteiro. Com tamanha complexidade, gerenciar riscos é uma atividade fundamental para tornar a área resiliente e capaz de realizar novos negócios em tempo recorde.
A boa notícia é que cada vez mais existem uma série de boas práticas a serem seguidas para superar esse desafio. Pensando em ajudar cada vez mais o profissional de compras nisso, elencamos sete dicas essenciais com base no que líderes de mercado têm feito sobre o assunto.
Conceitos e tendências
Historicamente, o conceito de resiliência remete ao trabalho realizado por CS Holling, um ecologista responsável pelo conceito, em 1973. A partir daí, o sentido que essa palavra carrega se difunde cada vez mais, sendo aplicado em áreas diversas, que abrangem desde a psicologia, pensamento sistêmico e, é claro, a gestão da cadeia de suprimentos.
Tratando especificamente desse último ponto, os autores Steven A. Melnyk, David J. Closs, Stanley E. Griffis, Christopher W. Zobel e John R. Macdonald, referências na área e autores do artigo “Understanding Supply Chain Resilience”, esse conceito pode ser traduzido como “a capacidade de uma cadeia de abastecimento para resistir aos problemas e recuperar a capacidade operacional após interrupções ocorrerem.”
Ou seja, a capacidade de resistência e de recuperação constituem a base para uma cadeia de suprimentos resiliente. Olhando mais de perto para esses elementos, é possível entender que:
- A capacidade de resistência é a habilidade de um sistema de evitar totalmente que uma interrupção aconteça ou minimizando o tempo entre o início de um imprevisto e o tempo a recuperação (contenção de danos)
- De forma complementar, a capacidade de recuperação está ligada à capacidade dos sistemas retomarem o ritmo de produção depois que uma interrupção ocorre. Isso é feito por meio de duas etapas: após identificar uma crise, vem a fase de estabilização e, depois dela, a de retorno das capacidades produtivas. O desempenho final aqui analisado pode adquirir ou não os níveis de desempenho originais, relacionados ao tipo de interrupção realizada.
A importância de fortalecer esses dois aspectos está em produtividade e liderança de mercado. Companhias com baixa resistência não são capazes de identificar riscos potenciais de forma rápida, atrasando todo o processo da cadeia de produção e, consequentemente, são identificadas como fornecedores problemáticos.
Contudo, aquelas que conseguem adaptar esses processos dentro de sua cadeia, frequentemente, são consideradas líderes de mercado e parceiras comerciais de melhor qualidade.
Do lado dos compradores, isso está ligado principalmente a mitigar riscos e encontrar planos de contingência elaborados de forma proativa, acelerando a capacidade de resposta em caso de imprevistos – ou de novas práticas adotadas de forma rápida pelo mercado.
Como trazer isso para o dia a dia
#1 Explorar ao máximo o potencial dos dados
Em uma sociedade cada vez mais data-driven, é claro que há potencial para gerar valor a partir deles também em supply chain. Mesmo com o foco constante na redução de custos, investir em tecnologia sempre traz potencial de agregar valor e ajudar na tomada de decisões.
Por exemplo: identificar o melhor momento do ano para conseguir peças com melhores preços de determinado fornecedor. Além de gerar preferência diante de fornecedores que, por exemplo, tem melhor lead time e melhores prazos de pagamento. A medida pode reduzir custos e gerar mais eficiência – colaborando para a saúde financeira da área como um todo e da organização.
Esse é um passo básico quando falamos de dados. Há companhias que aproveitaram o momento de crise global para investir em capacidade de visão em tempo real, planejamento e metodologia ágil. Tudo para responder da melhor forma possível aos desafios do futuro, em um ambiente de trabalho saudável, capaz de identificar e selecionar talentos.
#2 Estar atento ao conceito de nearshoring
A Covid-19 e as recentes restrições dos EUA a empresas da China colocaram muitos setores em xeque. Com isso, companhias em todo o mundo reduziram preços e empresas passaram a optar por fornecedores geograficamente mais próximos, capazes de atendê-los em prazos mais rápidos e minimizando riscos.
O movimento ganhou força com as restrições de comércio internacional, mas já é uma tendência presente no ecossistema de vendas desde o início dos anos 90, com a slowbalisation.
Na Soluparts, nós ajudamos nossos clientes com essa tarefa por meio de uma extensa rede de fornecedores espalhados por todo o mundo. Temos acesso a mais de 15 mil marcas e estamos sempre prontos para atender às necessidades de nossos clientes e facilitar seu trabalho com o melhor custo-benefício.
#3 Entender a fundo as regras de compliance
As cadeias de suprimentos crescem cada vez mais e, com isso, muitas companhias são obrigadas a seguir um número cada vez maior de regras e regulações. Entender todas elas pode parecer um processo complexo, mas é necessário contar com parceiros capazes de aplicá-las a fim de gerar a maior segurança possível para o processo de compras.
Nesse sentido, Glenn Yauch, especialista em risco na Deloitte, pontua que deixar isso de lado e abdicar do entendimento completo das regras é “um passo para o desastre”.
Pensando nisso, a Soluparts já identificou alguns benefícios do compliance para o departamento de compras, analisando como é possível ir além de evitar riscos e garantir uma cadeia de produção mais sustentável para todos os envolvidos.
#4 Investir em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)
Companhias próximas de seus clientes são capazes de identificar suas necessidades de forma acelerada. Para que isso possa surtir efeito, elas devem fomentar um ecossistema de inovação, capaz de desenvolver novas soluções rapidamente.
Um exemplo claro disso é citado pelo Gartner ao observar o que a Lenovo faz: a companhia está trabalhando para criar um circuito fechado de P&D para novos produtos e, hoje, traduz ações digitais demandadas por seus clientes em pedidos claros para a sua base de fornecedores.
#5 Dividir conhecimento com outras filiais
Com cada vez mais companhias se tornando globais, é fundamental que o conhecimento adquirido em supply chain também ganhe escala. A área de compras realiza análises complexas, planejamento e processamento de informações – tarefas fundamentais para gerar eficiência e produtividade em diferentes partes do mundo, conhecimento e análises que devem ser divididas com outras filiais e áreas como manutenção, por exemplo.
#6 Estabelecer planos de contingência de forma proativa
Em vez de pensar somente no potencial negativo que os riscos podem trazer, companhias podem pensar na mitigação desse componente como parte da estratégia corporativa. Para tornar essa tarefa possível, a Deloitte recomenda que processos sejam repensados de ponta a ponta.
Depois de uma avaliação criteriosa dos riscos que cada parte oferece, é possível aproveitar os dados coletados para identificar potenciais disrupções – sejam boas práticas já recomendadas pelo mercado ou atitudes completamente novas.
A importância disso pode ser traduzida em números. De acordo com a pesquisa global de gestão de risco empresarial da Deloitte de 2017, 74% das organizações pesquisadas enfrentaram problemas sérios com terceiros (como fornecedores) nos últimos três anos. Até uma em cada cinco companhias experimentou uma falha completa de fornecedores ou um incidente com consequências graves.
Por isso, é fundamental que a área de compras tenha planos de contingência elaborados mesmo antes de crises acontecerem – além de gerar produtividade, a tarefa diminui as chances de danos de reputação.
Bryan Goshorn, gerente sênior de Consultoria Financeira e Risco da Deloitte na prática de Risco Estratégico e de Reputação da Deloitte, refere-se a isso como “permanecer ágil“.
#7 Adotar um fluxo centralizado de processos
Em áreas tão essenciais e que exigem capacidade de adaptação rápida, como a área de compras, implementar processos simultâneos em vez de sequenciais pode acelerar a recuperação da área depois de um processo de inovação imprevisto.
Um artigo publicado pela HBR exemplifica isso ao mostrar o case da Lucent Technologies, que atingiu benefícios significativos ao integrar a cadeia de suprimentos a outras áreas da empresa diretamente ligadas ao trabalho de logística, como engenharia e vendas, integrando-os por meio de uma mesma cadeia de processos.
Conclusão
Transformar o supply chain para torná-lo cada vez mais eficiente e resiliente é um objetivo cada vez mais cobiçado – e mais atual do que nunca – para empresas em todo o mundo. Para se adaptar em meio às rápidas transformações e gerenciar riscos de forma eficaz, é necessário investir: em pessoas, tecnologias e em novos modelos de gestão.
Dessa forma, será possível ir além de atender às necessidades da empresa para gerar valor à área e fazer com que companhias possam expandir seu potencial de atuação de negócios ao longo do tempo.
Para mais dicas sobre a área de compras, continue lendo nosso blog.