O impacto de transformações disruptivas na cadeia de suprimentos
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Não é nenhum mistério que estamos vivendo uma realidade em constante mudança. A cada dia surgem novas tecnologias, novas formas de produzir, vender, trabalhar, por isso, a cadeia de suprimentos deve estar sempre se transformando e evoluindo.
Mas nem sempre essas transformações são positivas. O mercado pode sofrer disrupções, como desastres climáticos, guerras e, a mais recente, a nível global: a pandemia de COVID-19.
Mas as interrupções, ou disrupções, das quais estamos falando são capazes de acelerar o processo de transformação da cadeia de suprimentos.
Para que as empresas se adiantem na transformação, não sendo pegas desprevenidas na ocorrência de uma disrupção, o melhor caminho é estar atualizada em sua transformação digital.
Novas tecnologias podem fornecer visibilidade abrangente da cadeia de suprimentos com dados e inteligência em tempo real para ajudar as empresas a tomarem decisões rápidas, oportunas e eficazes com base na dinâmica de mercado mutável.
A inteligência artificial (AI – Artificial Intelligence), a internet das coisas (IoT – Internet of Things), a análise preditiva e outras tecnologias transformativas podem ajudar na resposta a mudanças súbitas nas tendências de demanda e oferta.
Embora investir na tecnologia certa seja fundamental para a evolução, as empresas também devem se concentrar em ajudar seus colaboradores a se tornarem mais hábeis digitalmente, entendendo as melhores maneiras de usar as novas tecnologias.
Outro ponto que deve ser observado na busca por soluções tecnológicas é se certificar de que o design e interfaces dos equipamentos sejam amigáveis e intuitivos, não apresentando uma curva de aprendizagem acentuada.
A teoria do cisne negro
Disrupções como a pandemia de COVID-19 não são mais eventos raros e imprevisíveis da teoria do cisne negro. A alta ameaça de desastres naturais, agitação política, crises econômicas e pandemias continuarão, logo, as empresas devem desenvolver a resiliência que precisam para minimizar tais disrupções.
A teoria do cisne negro (“black swan” theory), também conhecida como teoria de eventos cisne negro, é uma metáfora que descreve um evento que ocorre como uma surpresa, tem um grande efeito e muitas vezes é racionalizada inapropriadamente após o fato, com o benefício de uma percepção tardia.
Tal teoria foi concebida pelo analista de riscos Nassim Nicholas Taeb para explicar:
- um acontecimento de impacto desproporcionado ou um evento raro, aparentemente inverossímil, além das expectativas históricas, científicas, financeiras ou tecnológicas normais;
- a impossibilidade de calcular a probabilidade de eventos raros, porém consequentes, através de métodos científicos;
- o viés psicológico que leva uma pessoa, individual ou coletivamente, a não ver ou não querer ver a importância decisiva de determinado evento raro no desenrolar da história.
Ao contrário do conceito filosófico inicial de “problema do cisne negro“, no qual se afirmava que todos os cisnes são brancos, algo que mais tarde se provou falso com a descoberta no século XVIII de uma raça de cisnes negros, a Teoria do Cisne Negro refere-se apenas a eventos inesperados de grande magnitude e consequências no contexto da sua influência histórica. Tais eventos, considerados extremos e atípicos, coletivamente representam um papel mais importante do que os acontecimentos normais.
A pandemia de COVID-19 e a reestruturação das cadeias de valor
No atual mundo acelerado, a moeda corrente mais valiosa é o tempo. Apesar de ser válido para todos os setores, ele é especialmente crítico no campo do comércio internacional.
Cada organização envolvida nesta indústria tenta encontrar novas (e inovadoras) formas de reduzir de suas operações logísticas diárias, aqueles poucos segundos aqui e ali.
Neste contexto, informação é quase tão importante quanto o tempo. Mais precisamente, não qualquer informação: informação simples e pontual, capaz de permitir uma tomada de decisão assertiva. A cada etapa dos ciclos de cadeias de suprimentos e de logística, as partes interessadas (stakeholders) envolvidas exigem informações em tempo real sobre os aspectos relacionados ao processo.
As empresas que consistentemente acertam como gerenciar seu tempo e informações acabam encontrando-se no topo da hierarquia no mercado global.
Para otimizar os aspectos relacionados a tempo e informação de cada ciclo logístico é necessário incluir tecnologias de ponta, como sensores e IoT, que, coletivamente, compõem a logística conectada.
A logística conectada
Também conhecida como logística 4.0, a logística conectada surgiu após a revolução industrial, é uma evolução da logística tradicional e tem como premissa básica a necessidade de investimento em tecnologia para conseguir aumentar a participação de mercado (market share).
Para isso tornar-se possível, há uma diminuição do consumo de matéria-prima e produtos acabados, uma restrição dos níveis de estoque, um aumento na agilidade dos processos e uma otimização dos processos de entregas.
Dessa forma, as empresas passam a não depender mais de grandes centros de distribuição e toda a sua cadeia de suprimentos ganha em eficiência, qualidade e diminuição dos prazos.
Transformações digitais na cadeia de suprimentos
Além de investir em uma logística conectada, para a transformação digital da cadeia de suprimentos, outras mudanças são necessárias:
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Abraçar continuamente a inovação
Para acompanhar o ritmo acelerado imposto pela era digital, com a finalidade de atender às demandas crescentes por inovação, as empresas devem se tornar cada vez mais ágeis.
As soluções das cadeias de suprimentos precisam ser atualizadas à medida que o mercado, o cliente ou a legislação demandem mudanças para serem entregues rapidamente, sem a necessidade de novos projetos que exijam grandes esforços.
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Abrir espaço para inovadores destemidos
Transformar as operações de negócio de uma empresa vai além do TI corporativo. Negócios disruptivos, que mudam a forma de se relacionar com os clientes e que como isso influencia nas ofertas de produtos e serviços já são uma realidade, tais como Spotify, Uber, Airbnb.
A inovação da cadeia de suprimentos se desenvolverá com o negócio do cliente em mente ao invés de somente os técnicos de TI. As soluções serão mais rápidas, melhores e mais úteis para trazer retorno às empresas.
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Ir além
A transformação digital chega para provar que a tecnologia é essencial para uma gestão segura e otimizada. Neste sentido, é tempo de pensar na automatização da cadeia de suprimentos de ponta a ponta como facilitadora dos processos, reduzindo custos operacionais, centralizando informações e garantindo melhores resultados para todos os envolvidos.
Para o futuro, é necessário começar a capacitar as pessoas e as máquinas para tomar decisões no ponto de impacto, ou seja, onde os problemas ou mudanças estão acontecendo.
De acordo com previsões da empresa de TI norte-americana Cisco, com a Internet das Coisas (IoT – Internet of Things) estamos apenas começando a entrar em um novo mundo: a Internet de Tudo (IoE – Internet of Everything), onde as coisas vão ganhar consciência de contexto, maior poder de processamento e maiores capacidades de detecção.
Ao incluirmos pessoas e informações a estas formas de transformação, pode-se obter uma rede de redes em que bilhões ou mesmo trilhões de conexões criam oportunidades sem precedentes.
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Avanço na ciência dos dados
Com a transformação digital, ao invés de usuários especialistas, teremos usuários de negócios. O que significa que ao invés de analisar um único tipo de dado e de transações ocorridas no passado, iremos analisar todos os tipos de dados e em tempo real, enquanto eles são gerados.
No que diz respeito aos negócios, as informações serão acessíveis também de forma mais fácil, intuitiva e direcionada, permitindo claramente a tomada de decisão do negócio.
Conclusão
Para transformar o comércio internacional, países e organizações precisam abraçar a aplicação padronizada da logística conectada para tê-la em sincronia com outras indústrias, que eventualmente estão se movendo para adotar a Inteligência Artificial, Internet das Coisas (IoT) e outros avanços em tecnologia digital em suas operações diárias.
Eventualmente, medidas devem ser adotadas para que uma cadeia de suprimentos digital possa se tornar a norma e não a exceção. Enquanto esse requisito vem com seu próprio conjunto de problemas, uma implementação adequada pode ajudar as organizações a superá-los. Durante um longo período, a lista de benefícios supera, em muito, os potenciais inconvenientes de sua implementação.