A grande maioria das organizações se concentra em um único objetivo: crescer. Não se trata de tarefa fácil, evidentemente: à medida que o negócio cresce, mais desafios precisam ser resolvidos. Larry Greiner, professor de gestão norte-americano, identificou em 1972 as cinco etapas de crescimento dos negócios – e seu modelo é usado até hoje para antecipar possíveis dificuldades a serem superadas.
No caminho para atingir todas as fases rumo ao “sucesso”, companhias lidam com o aumento da complexidade dentro de suas organizações. Pode-se afirmar que na etapa descrita por Greiner como “crescimento através de alianças”, em que joint-ventures, fusões e aquisições são feitas, manter a identidade original de uma empresa, seus processos e cultura é uma tarefa e tanto.
Do lado “de fora”, executivos se preocupam com a revisão de produtos e serviços, com o objetivo de oferecer ao cliente uma experiência de compra fácil, simples e direta.
Ao combinar ambos os propósitos, é possível entender, em síntese, que à medida em que organizações crescem – e seus planos se tornam mais ambiciosos, com mais pessoas sob uma mesma gestão – a complexidade de manter a organização de pé também aumenta. Esse fator, que pode parecer irrisório ou até mesmo “intuitivo” à primeira vista, ganha cada vez mais atenção de empresas e executivos, especialmente no setor de compras.
Mas, antes de entrar a fundo no setor, é preciso entender o que é a complexidade e como ela é definida. No livro Managing Complexity, George Rizevzki a define da seguinte forma:
“A complexidade é uma propriedade de um sistema aberto que consiste em grande número de componentes diversos, parcialmente autônomos, ricamente interconectados, muitas vezes chamados de agentes. Não tem controle centralizado […] é incerto sem ser aleatório”.
Para além do lado negativo de criar incerteza, o autor ressalta que a complexidade traz – como toda crise – uma oportunidade para empresas de diferentes setores. A evolução da tecnologia e da economia, além da globalização, são alguns dos efeitos positivos apresentados como resposta a esse fator ao longo do tempo.
Em termos de setores, a cadeia de suprimentos é citada como um exemplo, no livro, para ilustrar de forma clara como é possível trazer melhorias por meio da superação da complexidade em termos de incerteza e em meio a eventos imprevistos.
Nesta mesma linha, veja também nosso artigo sobre como tornar a cadeia de suprimentos mais resiliente.
Complexidade na cadeia de suprimentos
Dada a importância do setor – e sua subsequente habilidade para lidar com o incerto e, portanto, com o complexo – executivos têm um olhar cada vez mais apurado neste tópico. Se algum dia a gestão da complexidade foi vista como uma tarefa secundária, hoje ela é prioridade.
Em números, uma pesquisa realizada com Chief Procurement Officers (CPOs) recentemente mostrou que o “gerenciamento de complexidade” se tornou um dos cinco principais objetivos anuais, como parte de seus programas de metas.
Um estudo aponta que há três tipos de complexidade na cadeia de suprimentos (estática, dinâmica e de tomada de decisão) os quais correspondem à forma como são gerados: uma situação física, características organizacionais, de origem interna ou externa, de oferta ou demanda.
Para resolvê-los, a abordagem comum é a de reduzir ou eliminar a complexidade desnecessária nesse processo, e então lidar com complexidade necessária para voltar a analisá-la. A complexidade “necessária” pode ser definida como o que o consumidor ou o mercado estão dispostos a pagar, ou seja, algo que vai se transformar em uma vantagem competitiva.
Outro estudo oferece uma abordagem mais pragmática, resumindo as fontes de complexidade da cadeia de suprimentos da seguinte forma:
- Acomodação do cliente: os clientes esperam uma velocidade e visibilidade cada vez maiores do processo, e variedade e personalização de produtos;
- Globalização das operações: à medida que as cadeias de suprimentos se expandem para mercados de clientes globais mais variados, variações substanciais nos processos da cadeia de suprimentos existentes devem ocorrer;
- Complexidade do fornecedor: Globalização significa desenvolver e manter estratégias para superar os problemas complexos e muitas vezes sérios associados ao sourcing local;
- Tendências gerais de negócios e cadeia de suprimentos: O impulso da indústria para cadeias de suprimentos omnicanal é estimulado por preocupações comerciais do dia a dia, como rotatividade de tecnologia ou fusões de empresas.
Como profissionais podem se preparar para isso
Estar preparado para as mudanças é essencial – bem como saber implementá-las. De acordo com a Bain&Company, a redução da complexidade depende das seguintes habilidades de gestores:
- Compreender as fontes de complexidade e examinar as compensações entre as operações e sua variedade ou personalização para os clientes;
- Identificar oportunidades para simplificar produtos, estruturas organizacionais, processos de negócios e sistemas de informação para economizar custos enquanto fortalece as capacidades básicas e aumenta o foco no atendimento aos públicos-alvo;
- Tomar medidas para conter o retorno da complexidade, reexaminando as taxas de obstáculos para novos produtos e outras atividades de expansão;
- Simplificar a tomada de decisão, esclarecendo funções e processos.
Dentro da cadeia de suprimentos, consultores destacam “flexibilidade” e “inovação” como fatores presentes para executar essa tarefa, permitindo que companhias as usem como parte importante para se protegerem de fraudes e possam obter mais benefícios. A Soluparts se encaixa nesse objetivo, uma vez que tem como missão facilitar o trabalho dos compradores de materiais indiretos por meio de uma ampla rede de contatos
Nesse sentido, o uso de sensores, big data e a atenção à tecnologias como machine learning são pontos fundamentais para profissionais. Dessa forma, é possível organizar a informação que vem de diferentes fontes e ter um senso claro de prioridades x complexidade dentro do ambiente organizacional.
Exemplos disso já são reais: um deles, fornecido pela McKinsey recentemente, mostra que um fornecedor líder de empilhadeiras está investigando como o equipamento pode atuar como um hub de big data que coleta todos os tipos de dados em tempo real, que podem então ser combinados com dados de ERP e Warehouse Management System (WMS) para identificar resíduos adicionais no depósito.
Veja como o Business Intelligence pode te ajudar nesta análise de dados complexa.
Do ponto de vista pessoal, pontos como o acesso às lideranças, combinado a um pleno entendimento dos clientes e a colaboração com fornecedores são pontos tomados como essenciais para profissionais terem em mente ao lidarem com a complexidade.
Esse é apenas um aspecto desse tema. Organizações podem começar a olhar para isso de forma mais consistente para, enfim, adquirir ganhos significativos com o “mar de dados” aos quais têm acesso.
Em nosso blog, abordamos várias tendências da cadeia de suprimentos para a nova era para você estar à frente das grandes mudanças que estamos vivendo.
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