Papel da Experiência Imersiva na Cadeia de Suprimentos Moderna

Papel da Experiência Imersiva na Cadeia de Suprimentos Moderna

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Segundo especialistas, há uma série de tecnologias que vão mudar a cadeia de suprimentos como conhecemos hoje.

De acordo com relatório elaborado pela consultoria Gartner neste ano, a experiência imersiva é uma destas tendências tecnológicas, por ter o potencial de mudar radicalmente o setor, com novos modelos e processos que amplificam as capacidades humanas.

Neste post, discutiremos os benefícios da experiência imersiva na cadeia de suprimentos, já reconhecidos por muitas empresas, e os desafios e barreiras para sua plena implementação e desenvolvimento.

O que são as experiências imersivas?

Uma experiência imersiva pode ser definida como uma situação na qual se tem a percepção de estar em um local virtual ou seja, em um ambiente diferente do que se está de fato. Para que ela seja realista, deve envolver os seus sentidos de visão, tato e audição.

Podemos resumir os principais tipos de experiências imersivas da seguinte forma:

Realidade Virtual (RV):

O ambiente virtual substitui completamente o físico, não havendo interação com o mundo real. Exemplo: um jogo de computador que utiliza óculos e fones de ouvido especiais. Esses equipamentos fazem com que o jogador, representado por um personagem, esteja dentro do mundo virtual desta experiência. O que torna tudo isto realista é o controle que o participante tem sobre seu avatar.

Outro exemplo é o simulador. Usado em aulas de direção de veículos automotores e de pilotagem de aviões e helicópteros. Ao usar essa máquina, o aluno tem a sensação de estar guiando um veículo ou a bordo de avião, possibilitando que ele teste os comandos aprendidos.

Realidade Aumentada (RA):

Sua tecnologia corresponde à sobreposição de conteúdo virtual a uma imagem de transmissão ao vivo do mundo real. É útil para fornecer informações adicionais enquanto completa tarefas no mundo real.

Um exemplo é o de receber orientações ou até testar um produto específico durante sua compra, como experimentar uma roupa em um espelho virtual. Essa tecnologia pode ser usada também na projeção de instruções para consertar o carro à frente do capô, por exemplo, facilitando na hora de seguí-las.

Realidade Mista (RM):

Como o nome indica, é a combinação de RV e RA. Pode ser considerada, de certa maneira, uma forma avançada de RA, já que a tecnologia permite que os usuários interajam totalmente com itens virtuais sobrepostos ao mundo real. No exemplo do conserto de um carro, citado acima, ao invés de mudar e controlar as imagens e informações projetadas no computador, seria possível interagir com a própria projeção.

A criação de uma experiência imersiva

Criar uma experiência imersiva é complexo e demanda profissionais altamente qualificados. Mas existem três fatores ou componentes, fundamentais para para essa criação:

  • um dispositivo eletrônico (como smartphone, par de óculos 3D, fones de ouvido ou um ambiente de trabalho virtual);
  • a capacidade de criar ou expandir o mundo virtual à medida que o usuário se move nesta realidade;
  • a possibilidade de sobrepor aspectos do mundo virtual à visão do usuário do mundo real.

Além do conhecimento profundo da tecnologia e equipamentos, ter informações precisas sobre usuário e o contexto em que a experiência será aplicada são fundamentais. Para aplicação na área de logística, por exemplo, é importante conhecer a fundo os desafios da área e implementar a solução paulatinamente, criando e testando versões mais simples da aplicação antes de desenvolver todo o projeto.

Experiências imersivas nas cadeias de suprimentos

De acordo com relatório da consultoria Deloitte, a Realidade Virtual, criada na metade da década de 1950, vem se desenvolvendo rapidamente, nos últimos anos, deixando de ser uma tecnologia de nicho.

Porém, estas inovações, que promovem o aperfeiçoamento dos equipamentos e sincronização das atividades humanas e virtuais, ainda não atingiram a maturidade operacional para implementação em larga escala, encontrando dificuldades relativas a uma aplicação mais ampla para indústrias e usuários.

No caso da RV, podemos citar algumas utilizações: por exemplo, no rastreamento de mercadorias dentro de estoques, os óculos que utilizam a tecnologia “inside-out” (com câmeras e sensores acoplados no próprio dispositivo) conseguem determinar a posição e a orientação do ambiente ao redor com uma grande precisão. Dessa maneira, o colaborador que usa esse aparelho, consegue trabalhar no estoque, e até mudar mercadorias de lugar através do controle de robôs, sem estar presencialmente no depósito (veja vídeo sobre este caso).

Há ainda barreiras relacionadas ao poder computacional, preço, segurança e percepção do usuário. Entretanto, empresas do ramo de desenvolvimento de hardwares e softwares mais avançados estão realizando investimentos pesados com o intuito de reduzir estas dificuldades.

O relatório em questão também levanta alguns benefícios do uso de experiências imersivas nas cadeias de suprimentos:

1. Redução do tempo de desenho de processos e produtos:

Equipes em todo o mundo podem trabalhar em conjunto no design de produtos e processos por meio de experiências imersivas. Além disso, a necessidade prévia de produzir um protótipo físico e os custos com experimentações são reduzidos.

No desenho de uma linha de produção, por exemplo, é possível simular virtualmente as suas diferentes etapas previamente. Desta forma, aprende-se de forma colaborativa quais são os processos e obtêm-se insights sobre como otimizá-la.

2. Visualização de dados complexos e redução de risco de problemas operacionais:

A adoção RV e RA torna-se também uma opção para obtenção e digitalização de informações, junto a outras tecnologias já existentes, diminuindo a possibilidade de dificuldades técnicas (como a perda de um lote de produtos) acontecerem em etapas da cadeia de suprimentos.

Além disso, ao utilizar tecnologias em 3D, a organização fica cada vez mais amparada por dados (de diversos tipos e níveis de complexidade) para planejar suas atividades e processos. Por exemplo, ao testar a tecnologia de RA em estoques, torna-se mais fácil o acesso às informações sobre a posição de determinado produto, otimizando o processo de procura. Além disso, elimina-se o uso de listas impressas de conferência dos materiais selecionados, dando maior controle do estoque.

3. Melhoria da eficiência de treinamentos:

Pesquisas mostram a eficiência em aplicar tecnologias de realidade virtual e realidade aumentada para a aprendizagem dos indivíduos, oferecendo ferramentas importantes para o ensino das melhores práticas relativas à tomada de decisão (simulando situações reais que exigem uma ação) e aprendendo procedimentos a partir de tentativa e erro com baixo risco.

A visualização compartilhada e interação através de avatares e simulações em tempo real, trazem uma série de insights para otimizar as cadeias de suprimentos. Podemos citar a realização de treinamentos simulando cenários de alto risco, permitindo que as equipes identifiquem, priorizem e analisem variáveis, para diminuir os riscos da tarefa no mundo real.

É importante salientar que devem existir critérios para avaliação e implementação deste tipo de tecnologia, isto é, uma compreensão sobre como ela será utilizada e se conectará com os sistemas existentes. Além disso, sugere-se que a empresa realize pequenos pilotos para validar aplicações que possam ter benefícios e escalabilidade imediatos.

Deve-se também ficar atento a questões como:

  • A implantação funcional (quais áreas e funções na empresa devem ser priorizadas);
  • A existência de infraestrutura tecnológica e uma equipe especializada nesse tema para que tudo funcione corretamente. Este é um ponto importante, já que poucos profissionais no mercado dominam este tipo de tecnologia;
  • A segurança da informação e regulações (se novas leis serão elaboradas ou se atuais, como a de propriedade intelectual, serão adaptadas ao ambiente virtual). Para saber mais sobre mudanças recentes nas legislações brasileira sobre o assunto, clique aqui.
  • A operação em si destes dispositivos e a percepção de seus usuários (a fim de evitar problemas de saúde).

Exemplos de usos de RV e RA na cadeia de suprimentos

Há várias iniciativas de empresas que já estão utilizando esta tecnologia em suas cadeias de suprimentos:

  • Automobilísticas, como a FIAT, oferecem test drives virtuais e realizam mudanças no design de seus carros a partir de experiências imersivas (vídeo);
  • Como dito anteriormente, equipes de empresas de logística usam equipamentos para facilitar a localização e o acesso a informações sobre um material no armazém (vídeo 1 e vídeo 2);
  • Empresas de diferentes ramos já utilizam estas tecnologias para o treinamento de equipes, por meio da simulação de situações (vídeo);
  • Testes também têm sido feitos para simular o abastecimento de mercados utilizando RV e robôs, evitando riscos à saúde do colaborador (vídeo).

Além destes exemplos, os números reforçam a importância deste assunto: de acordo com previsões divulgadas em 2019, o mercado global de Realidade Virtual e Realidade Aumentada deve movimentar aproximadamente US$ 100 bilhões (R$ 376 bilhões) em 2020. Provavelmente, este valor sofreu alterações diante da pandemia de Covid-19, mas revela uma importância inquestionável da RV e RA.

Desafios da experiência imersiva

Estas experiências são mais frequentes em alguns setores (como o de entretenimento), porém, no contexto das indústrias em geral, podem trazer uma série de benefícios para diferentes áreas e até reduzir custos a longo prazo.

Há também elementos cruciais que impactam fortemente a implantação da experiência imersiva nas empresas. O fator cultural é um deles, já que a assimilação de tecnologias disruptivas toma um tempo para acontecer, podendo ser vista somente, em muitos casos, no longo prazo. Alega-se que a RV e a RA vieram “antes de seu tempo”, pois ainda há ainda muita dificuldade e resistência para o uso.

Especialistas que analisam mudanças de paradigmas tecnológicos afirmam que as pessoas respondem de formas diversas à necessidade de aprender a lidar com uma tecnologia disruptiva: enquanto há os early adopters, que utilizam sem dificuldades uma tecnologia recém-lançada, existem também os laggards, que resistem à mudança e só adotam o uso quando são obrigados (às vezes, por terem grande dificuldades em compreendê-lo).

Desta forma, é importante que a implementação destas soluções esteja alinhada à necessidade operacional da empresa, ao orçamento disponível para implantação e manutenção e à realidade organizacional (considerando a dimensão cultural), não sendo apenas adotadas em decorrência da popularidade do tema.

Além das tecnologias relacionadas à experiência imersiva, várias outras tem influenciado a cadeia de suprimentos global. Para conhecer essas outras tendências e suas aplicações, acompanhe o blog da Soluparts.

 

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