Muitas vezes, as empresas acabam esperando pela chegada de momentos de crise para então realizar alguma ação emergencial para conter ataques de hackers a seus sistemas, retomando as operações normalmente assim que o problema é contornado.
A desvantagem desse tipo de tática é que ela não representa uma solução efetiva e abrangente, visto que não consegue corrigir as vulnerabilidades existentes no negócio e aumenta as chances de ataques ainda mais severos no futuro.
Estudos mostram que uma organização enfrenta, em média, 106 ataques cibernéticos por ano e que de cada três ataques, um consegue transpor as barreiras de proteção, violando a segurança dos dados das empresas.
Muitas vezes, as estratégias de cibersegurança colocadas em prática não conseguem proteger sempre todas as informações, levando a possíveis perdas de dados e de valores significativos, o que, entretanto, não justifica sua ausência, já que ataques cibernéticos constantes são esperados nos dias de hoje.
Então, como é possível remodelar a abordagem relacionada a ataques e colocar em prática ações eficazes de cibersegurança? A seguir, elencamos cinco medidas que podem auxiliar os profissionais nessa tarefa:
1. Entender o conceito de ecossistema empresarial
Visto como uma inovação nos modelos de gerenciamento empresarial, o conceito de ecossistema empresarial, considera um negócio como uma parte de uma rede interconectada que atravessa uma variedade de organizações, e não como um ator isolado.
Quando falamos do departamento de compras e sua função na cadeia de suprimentos, essa interconexão torna-se mais forte e os elos mais interdependentes. É essencial compreender esse sistema complexo na implementação de estratégias de cibersegurança.
Com tal interconexão, um elo vulnerável, ou seja, uma empresa com pouca, ou nenhuma, segurança digital, pode pôr em perigo todos os outros elementos do ecossistema ou cadeia de suprimentos e impactar negativamente as operações ou até interrompê-las.
2. Definir líderes cibernéticos (cyber leaders)
Os líderes digitais (cyber leaders) devem ter domínio da gestão de riscos e capacidade de falar tanto a linguagem técnica, quanto a de negócios, de maneira a se comunicarem com a liderança sênior sobre os riscos econômicos e as oportunidades competitivas.
Eles devem ser pensadores estratégicos, capazes de influenciar as partes interessadas internas e externas enquanto constroem um ecossistema empresarial seguro. O ideal é que cada departamento tenha um líder digital conhecedor pleno dos processos da área. Os principais objetivos deste profissional são:
- alavancar a cibersegurança ao nível do conselho de administração;
- explicar por que cibersegurança é fundamental para o desenvolvimento das empresas;
- garantir que as estratégias de digitalização e negócios abordem os riscos cibernéticos e incluam medidas de segurança.
Como a digitalização ainda é bastante revolucionária para muitas indústrias – e a segurança cibernética ainda é considerada “algo técnico” – às vezes é preciso muito esforço para persuadir a alta administração sobre essas medidas, por isso, um porta voz que conhece o processo do departamento do qual faz parte, a parte técnica e possui uma visão holística do negócio, obterá mais sucesso na implementação de suas ações de segurança.
3. Definir o sucesso da cibersegurança
Esta medida diz respeito à reestruturação que a empresa deve buscar em relação à cibersegurança, definindo os objetivos e metas relacionados às estratégias de segurança cibernética. Essas definições indicarão o que pode ser considerado como uma ação bem sucedida de cibersegurança para aquela organização específica.
4. Tornar a segurança um objetivo coletivo
Proteger as informações não passa somente pela implantação de processos técnicos, mas também pela conscientização de todas as pessoas da organização, para que as informações de clientes, estratégias de atuação e conhecimento operacional sejam tratados conforme as normas e políticas corporativas.
Os colaboradores possuem papel muito importante na descoberta e inibição de ataques, pois representam a primeira defesa da organização. Todos devem ser treinados e estarem cientes das práticas necessárias para a proteção de suas operações e como se defender de ataques.
Assim, equipes inteiras estarão preparadas para identificar atividades de hackers e articular respostas rápidas para impedi-los, voltando às atividades normais assim que a crise for contida. Da mesma maneira, esse processo exige o comprometimento de todas as áreas da organização.
Para isso, trabalhar e difundir na empresa a cultura de uma gestão com foco em mitigar riscos e uma mentalidade de ciber-resiliência é fundamental para que a proteção das informações seja eficiente e atenda às expectativas dos executivos.
5. Testar a capacidade de segurança de sua empresa
Realizar testes que busquem simular ataques hackers é essencial para que a organização consiga fazer uma avaliação real de suas capacidades de defesa diante de ameaças externas. Isso torna possível dimensionar o quanto as estratégias de cibersegurança praticadas são eficazes e quão rápido essas respostas são dadas diante desses ataques.
Cibersegurança: um fator estratégico
Trabalhar na prevenção de ataques e fraudes é um fator estratégico para qualquer organização que deseja evitar prejuízos e ganhar em lucratividade, no mundo conectado, digital e complexo da atualidade, uma vez que as perdas associadas a esses crimes podem chegar a valores extremamente altos, tanto do ponto de vista financeiro, quanto intelectual.
Não há mais como evitar ou negar os crescentes riscos cibernéticos que as empresas correm a todo o momento, é preciso reestruturar a cultura e os processos organizacionais para blindar as operações e preparar respostas efetivas para ataques criminosos de alta complexidade.
Estar atento à eficiência da cibersegurança da empresa é um assunto que merece toda a atenção não só dos executivos, como de todo o time de colaboradores. Esse tópico deve obrigatoriamente estar entre as pautas prioritárias das organizações, fazendo parte de treinamentos, protocolos e diretrizes relacionados a todas as práticas e atividades de todos os departamentos.
Como é feita a segurança da informação em seu departamento? Esta pauta é discutida em treinamentos e reuniões? Os fornecedores escolhidos colocam em prática protocolos de segurança da informação? Durante o home office, alguma orientação foi dada ao time sobre como se proteger de hackers?
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