O que esperar das Cadeias de Suprimentos pós Covid-19?

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Nos últimos meses, a atividade econômica mundial sofreu severas mudanças em decorrência da pandemia da Covid-19.

As cadeias de suprimentos modernas também foram impactadas, tanto que para o Fórum Econômico Mundial, esta crise revelou a fragilidade da supply chain, tendo em vista as dificuldades enfrentadas por governos, negócios e consumidores para obter produtos e materiais básicos diante do bloqueio total (lockdown) enfrentado por muitos países.

O relatório publicado pela The Economist – Intelligence Unit (EIU) prevê mudanças significativas para diferentes setores da economia global e, consequentemente, para as cadeias de suprimentos.

Neste texto, serão discutidos os principais desafios levantados pelos autores deste material, além de previsões de outros especialistas da área.

Desafios para as cadeias de suprimentos globais

A EIU afirma que a economia global tornou-se dependente da China a partir de sua inclusão na Organização Mundial do Comércio em 2001.

Isso porque as empresas se aproximaram do mercado chinês como local para produção, principalmente por conta de sua mão de obra barata, e fonte de demanda – minérios, petróleo e produtos agrícolas são alguns itens que colocam a China como maior parceiros comercial do Brasil, por exemplo. Em alguns setores do comércio, a participação deste país emergente ultrapassa 50%.

Entretanto, prevê-se que este cenário que conhecemos, provavelmente, sofrerá alterações. Inclusive, algumas áreas (como a têxtil) já estavam mudando suas operações para outros países da Ásia em decorrência do aumento dos salários de trabalhadores chineses e da guerra comercial entre o país e os Estados Unidos.

A pandemia forçará outros setores a tomarem a mesma decisão, com a realocação de partes de suas cadeias de suprimentos. O que se verá é uma rede de cadeias menos centrada na China, mais diversa, sendo um possível movimento a ser replicado em outras regiões do mundo.

Cadeias de suprimentos são difíceis de serem alteradas, principalmente para alguns setores (como o automotivo), mas o desenvolvimento de cadeias regionais é uma solução para enfrentar dificuldades, tornando as organizações menos propensas a possíveis colapsos e crises. Empresas que já tinham esta diversificação puderam mudar etapas de produção de uma região para outra durante fechamentos de fábricas no período de lockdown.

Outra preocupação será a organização do tempo de produção e da montagem de produtos ao longo da cadeia, além dos armazenamento de bens finais e intermediários em localidades estratégicas de fácil acesso – vale lembrar que, mesmo sendo muito importante, a redução de gastos em produção e transporte deve ser bem pensada e planejada, para não comprometer a eficiência de todo o processo da cadeia produtiva.

Cadeia de Suprimentos pós Covid-19: possíveis respostas

O momento ainda é de incertezas, mas existem algumas possibilidades que podem amenizar os obstáculos em supply chain, trazidos pela crise provocada pelo novo coronavírus.

1. Planejamento de cenários

Em uma economia global em desaceleração, com riscos crescentes no comércio (diminuição das vendas, fechamento de estabelecimentos, perda de postos de trabalho, mudança de hábitos do consumidor, etc), o planejamento de cenários e o uso de ferramentatecnológicas para realizá-lo tornam-se mais recorrentes, a fim das empresas lidarem com os impactos da pandemia. O surto de Covid-19 gerou o fechamento de fábricas e interrupções no fornecimento, mas o impacto dessa crise na economia global não se limitam a estas questões.

As previsões da Economist Intelligence Unit indicam que deveremos passar pela maior recessão desde a crise financeira de 2008, com uma lenta recuperação e uma redução prevista de demanda por bens e serviços em 2020. Desta forma, as técnicas de planejamento são relevantes para impedir os impactos nas cadeias de suprimentos como, por exemplo, adequando bens a mercados em que as possibilidades de consumo são maiores ou mudado de fornecedores.

2. Digitalização de modelos de negócios

As empresas estão alterando os seus modelos de negócio para um que seja mais tecnológico por necessidade e oportunidade. Os hábitos de compras online criados pelos consumidores em 2020 provavelmente perdurarão, sendo importante as empresas repensarem a sua presença digital e mapearem formas eficientes para entregar os produtos e serviços aos seus clientes.

O relatório publicado pela Organização Mundial do Comércio também discute esta questão, sugerindo o aumento de investimentos em plataformas de compras virtuais (e-commerce).

Além disso, cada vez mais serão utilizados dados no processo produtivo, promovendo um aumento da digitalização das cadeias de suprimentos, tornando-as mais inteligentes. Porém, estas mudanças trarão desafios, já que os países possuem diferentes sistemas de informação e procedimentos de controle alfandegário.

Os fornecedores precisarão também divulgar seus dados, mas isso poderá gerar problemas de privacidade e competição.

3. Da tática para a estratégia

A adoção de uma maior presença digital é uma tática de resposta à pandemia atual – e as empresas já alinhadas com a revolução tecnológica proposta pela Indústria 4.0, saem na frente. Entretanto, as organizações deverão definir um planejamento estratégico de médio e longo prazo diante do “novo normal”.

Para empresas de manufatura e bens de consumo (entre elas as pequenas e médias empresas), será uma oportunidade para participar em cadeias de suprimentos regionais em virtude das reestruturações que ocorrerão nas redes globais.

Poderá ser também um momento para os modelos de preços serem repensados, já que a regionalização das cadeias de suprimentos e o aumento de estoques estratégicos levarão ao incremento do valor final dos produtos, desafiando a competitividade entre concorrentes.

4. Trazer o risco para o núcleo do negócio

O último impacto citado no relatório da EIU refere-se à preocupação com a gestão de riscos, que deve ser mantida após este atual período. Mesmo antes da pandemia, a economia global estava cercada de incertezas e questões de geopolítica já vinham influenciando o cenário.

A guerra comercial EUA-China, por exemplo, mostra como conflitos entre atores impactam o ambiente econômico, podendo seguir independentemente dos resultados das eleições estadunidenses em 2020, em decorrência da competição sobre o domínio tecnológico.

Mudanças climáticas também impactarão, sendo crucial gerenciar riscos diante de ameaças para as operações das empresas.

Outras perspectivas para o futuro

O relatório da EIU reforça a discussão feita por especialistas da área sobre o futuro das cadeias de suprimentos. Em artigo publicado no portal da Revista Forbes, Michael Mandel, estrategista econômico do Progressive Policy Institute, também defende mudanças nas cadeias de suprimentos, tornando-as mais simples e curtas a fim de contribuir para a produção sustentável. Mandel explica que, quando as cadeias são mais complexas, torna-se mais difícil acompanhar as emissões de gases poluentes, para citar apenas uma dificuldade.

Já a consultoria PwC afirma que as mudanças nos modelos de negócios, voltadas para a economia circular (conceito baseado na educação, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais, inclusive passando itens de uma industria para outra, visando estender seu ciclo de vida) e a criação de valor compartilhada e sustentável – quando recursos físicos, intelectuais e humanos são compartilhados entre várias organizações – , promoverão alterações nas cadeias de suprimentos globais, maximizando a utilização de recursos e o tempo de vida de produtos e serviços para garantir, satisfazer e alinhar as expectativas do consumidor.

Neste artigo, mostramos o que esperar das cadeias de suprimentos pós Covid-19, que se tornarão mais regionais, digitais e sustentáveis.

Desta forma, trabalhar com fornecedores estrangeiros continua sendo uma opção muito importante e contar com uma empresa especializada em compras de materiais indiretos pode ser a melhor forma para manter essa prática com segurança.

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